Mediador
Sou mero mediano
meso imediato
aspirante à totalidade
Inteventor nos inventos da vida
Mediador das ações imedidas
Malfeitor dos feitos bondosos
Benfeitor nos fatos penosos
Sou o ponto médio do meridiano da vida.
Estou entre o bem e mal,
entre a pergunta e resposta,
entre os olhos e a miragem,
Sou o ponto no meio da reta
A ponte entre o sono e a sesta
O desvio no curso do rio
O devaneio no real e sombrio
Sou o película que envolve
a gota de orvalho
A linha que separa
o céu do mar
Sou o espaço que há
entre o fazer e o pensar
Sou eu que tenho o dever
de manter os extremos em oposição,
de cuidar que não se toquem,
que jamais se encontrem.
Sou eu quem convence,
todos os dias,
o Sol a sair de fininho
para deixar a Lua brilhar.
Sou eu quem ensina,
volta e meia,
às nuvens a se deixar
pelo vento levar.
Sou eu que impeço,
me fazendo presente,
quase sempre,
o passado de o futuro encontrar.