Não Sabem Chorar

Estes de quem falo com penas

São tristes como tu e como eu;

Sofrem e vivem apenas...

Sofrem como tu e como eu!

Eles são dezenas, um cento...

A custo conseguem respirar;

Todos procuram alento...

Todos sabemos sofrer e amar!

Estamos todos muito tristes:

Eu, tu eles, não sabemos chorar;

Somos todos tão infelizes;

Que saudade temos do luar!

Nem tudo na vida são chatices...

Quando os homens sabem amar!

Sempre que surjam tolices...

Sofre-se, é preciso saber enfrentar!

Não notamos a tristeza, o sofrimento

Homens rudes, insencíveis e cruéis;

Falam, queixam-se a cada momento...

Do passado atróz dos Bordéis;

Grandes senhores sem sentimento...

Homens ingratos puxam dos cordéis;

Vivem e morrem com o acontecimento...

Como as árvores morrem às mãos cruéis!

Vivemos a sós, com a nossa dôr,

Somos como árvores decepadas;

Mãos impiedosas sem amor...

Carrascos insencíveis, cabeças cortadas!

Neste manto de sofrimento e horror,

Tangem com golpes catanadas...

Sobre seres que sofrem de dôr;

Sem defesa, sempre foram humilhadas!

Morrem pessoas morrem árvores

Este é o teatro desta guerra;

Árvores que morrem vão aquecer...

Armas que rugem como uma fera:

São todos filhos sem querer;

Desta guerra, desta Nação;

Quantos mais vão ainda morrer!

Quem nos vai dar protecção?

Morrem árvores, morrem homens,

Morrem decepados sem chorar;

Morrem seres humanos como homens;

Morrem todos para alimentar;

Os caprichos famintos dos homens;

Que os fazem tombar!

Nesta guerra desaparecem árvores

e homens...

E tudo desaparece sem chorar!

28/01/2010

José Duarte André

José Duarte André
Enviado por José Duarte André em 28/01/2010
Código do texto: T2056888
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