Da ponta da língua

Ela tinha o coração na boca.

Cheiro de madrugada,

ela tinha o perfume na roupa, e um saquinho que carregava consigo.

Palavras de amor, sexo e esconderijo,

não importavam agora.

Deu adeus.

Seu telefone colado na mão, na palma.

Ela passou na frente dele. Como se o não o conhecesse e não o conhecia mesmo,

naquele momento.

Chega no quarto cansada, troca a roupa arrastada

um olhar na geladeira, restos de ontem,não tem nada na mesa,

ela tem o coração, parte que é fome, parte geleira;

Controle remoto com pilha no final,balança, sacode,

relato na tela de um caso igual,

liga o chuveiro e abaixa a calcinha

casos escorrem, palavra a ser dita,

quis beija-lo, disfarçou, reprimia,

ela tinha o coração na água que corria;

Troca a roupa em frente a janela,

rádio ligado,

Jack Tequila,

Tekila nela,

pensamento na mente;

Ela tinha o coração, agora de adolescente.

Dá gargalhada,remexe na cama,

pega o fone,saudade que grita,

trim....trim.....

"alô" com sono,

ela não liga!

Precisava este sim.

Queria falar da tarde chuvosa, do frio em São Paulo, da falta de ti,

Pensamento constante, cerveja aberta, cigarro que queima, do poema que fiz,

Gente que dorme, luz lá fora, dia clareando,noite aqui, dentro de mim,, enquanto eu alerta, desperta, aberta,

eu precisava amor,ansiava,falar daki...e ouvir sobre aí.

Sabe....

Queria ouvir tua voz,

eu tinha todas as palavras, do que sinto agora,

fugiu,escapou,

da ponta da língua.

Sp/05/08/06