Do sulco e do arado

Eu estava no campo, vestido de Adão

com o rosto iluminado pelo sol da manhã

observando o orvalho sobre o verde

e, apesar disso, me sentindo medíocre.

Atrás de mim estava no chão apenas um sulco.

Minha linha de vida, riscada na terra nua

torta como um caminhar bêbado.

Uma visão que me faz chorar no sonho.

Vestígios... Minha vida só poderia ser esse rasgo no chão.

Olhei para a faixa, cada lição não lida

todas as dores de expurgo que eu remendava

e, infelizmente, fiquei sozinho nesta contemplação

Ainda me espanto

com as capacidades que não deixaram de crescer.

como o capim no campo.

Ainda me espanto

com o arado que caleja minha alma.

Como Adão, comi do fruto proibido

da árvore do conhecimento

mas não fiquei particularmente interessado.

Segui o sulco em toda sua extensão.

Cada passo era assustador e claramente marcado

e nunca fiz alarde

meu campo visual ocupado apenas

em enganar meus miseráveis racionalismos.

Talvez seja o momento de acordar...