Na Noite
Enfim o arrebol, seu rubor harmônico
A chuva passou, após tantos anos
Por fim, um bilhete de adeus lacônico
Cruzei portões fechados, arcanos
No bosque, o rouxinol tão tristonho
Mas na noite segui o som do piano
Fugitivo confesso, não m’envergonho
O sono de pedra seria sim, leviano
Na praça, eis que o sino bate
E nada há senão a lembrança
Os hermeneutas e o último debate
Riqueza da qual não há herança
Logo amanhece e o tempo s’esgota
Corro como rio, procurando o mar
Vejo o rio de luz, onde nada se nota
Vou para casa, sei que rumo tomar.