Mar Remoto (maremoto)

Minha vontade grita

Na fúria infinita

De estar escondida

Dentro do peito

A exalar surdo grito

Que não quer ser ouvido

Mas que o amor agita

A vontade anda aflita

E nem a louca acredita

Que tanto amor se instalou

Que mistério é esse

Que não se sabe a fonte

Que vem lá de fora

A me arrebatar assim

Sem pena, sem trégua

Escrava dessa vontade valente

Que quer ser independente

E que calo com a trapaça

De esconder do coração

O que não pode ser

O que nem cabe estar

Dentro do prazer de te ver

Me prendi no teu olhar

Nego, não quero acreditar

Que esse fogo arde

Derrete a neve em mim

Me faz cativa assim

Sem que eu possa fazer

Sem defesa visível

Me rasgo, engasgo, morro

Pra não mais resistir

Prefiro a morte maldita

Do que essa vontade infinita

De ser aquela que um dia

Declarou amor ao luar

Não tem mias lugar

Para ser assim tão singela

Sou fera, sou fúria, sou gelo

Mantenho minha forma medonha

Espanto pra longe esse sonho

Nem quero saber desse amor

Prefiro o amargo da vida

Essa solidão que me basta

Esse meu choro, cascata

Esse mar sem fim dentro de mim

Quero morrer sem saber

Que poderia amar você

Mas que nosso tempo passou.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 13/04/2010
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