PANELA DE PRESSÃO

PANELA DE PRESSÃO

Milhões de pensamentos circulam,

Como moléculas de água

Prestes a entrar em ebulição.

Minha mente é uma panela de pressão.

Vai cozinhando os sonhos.

Os desfeitos revolvem-se

Lutando de qualquer jeito

Querendo viver, pobre ilusão.

Outros correm na vã tentativa

De concretização antes da

Liberdade da fervente prisão.

Soubessem aceitar a transformação

Renasceriam em outro estado

Através da vaporização.

Vou pelo ônibus inconsciente

De minha real situação.

Adormeci nos solavancos

Desde a partida desta louca condução

Buzinas de cheiros poluídos

Acordam-me no fim da estação.

Ainda meio sonâmbula

Sinto o estômago se agitar,

Os pensamentos desordenados

Voltam a martelar, sinto dor,

Culpa? Arrependimento?

Já nem me lembro,

Esta falta de memória

Quase me afasta de minha história.

Acendi a chama pela manhã

Bagos negros de feijão

Repousavam no fundo do prateado

Alumínio marcado pelos cozimentos.

Sinto fome misto de alegria,

E certeza que terei alimento,

Pois preparei o básico feijão,

Mas será que apaguei o fogo?

Não tenho outro jeito,

Nem conheço outra solução,

Volto em casa e revejo a situação,

Abro a porta feliz com emoção.

O fogo estava apagado

Minha panela repousa no fogão

Minha cabeça dói pela pressão

Estou hipertensa no momento.

Cozinhei durante muito tempo,

Às vezes nem me lembro,

Deixo cair no esquecimento

O menor pensamento.

Foge como se fosse vapor

Saindo feliz da alta pressão

Que enfrentou na confusão

Minha mente é uma panela de pressão.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 16/04/2010
Código do texto: T2200418
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