A alma do poeta

Palavras, feito navalhas,

Cortam a alma do poeta.

Singram desejos e sangram.

Por que ele não ri à toa?

Claro, ele não é rico.

Só ri se for de graça,

Da fumaça, da cachaça...

Seu pensamento, engrenagem

Que gira forjando frases,

Como tijolo a tijolo

Na construção de sentidos;

Pensando...pensando...

Que inspiração que nada!

É suor no raciocínio,

Razão sinestésica do criar:

Vê a cor do som nas paredes,

No doce bailar das palavras

E melodias no silêncio.

Da guerra, canta os amores,

Dos amores, os horrores,

Da insipidêz, os sabores;

Desescrevendo toda a escrita,

Estrita, cega e desdita,

Que ninguém nunca escreveu.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 07/05/2010
Reeditado em 28/12/2011
Código do texto: T2241725
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