Anjo dos tempos, espera...

Meu amor é senão este por ser eternal,

Não saberei tocar vestes invisíveis,

Porém sinto doce carícia em sono tranquilo.

Alimentando a esperança secular.

Me vejo louca por não compreender,

Tu que em sonhos distantes tenta se esconder,

A mim não tira a tranquilidade da presença,

Só não saberei, ainda tenra, lidar com sua ausência.

Amo um anjo dos tempos, aguardo o repouso d'alma,

Meu coração de pedra, pulsa e vibra, por ti,

Divina criatura, silueta de mim mesma.

E quem por fora me vê, dentro não pode me ler...

Alma poética e lírica, cá estou eu em sublime êxtase,

Perpetuando em letras cristalinas, sua docilidade,

Da qual exalto com a simplicidade que me cabe,

Separando de mim a mulher e a ilusão.

Quem me bebe, vive salutar desejo e volúpia,

Aos encantos de alma de mulher criada,

Tornei-me amada, querida, desejada.

Sou só ser dançante em letra proferida.

Sinto pairar sobre mim uma maldição de eras,

O peso de uma espada que a meu coração dilacera,

Saberei eu que esta dor me acompanhará ainda,

E tu, anjo dos tempos, ao meu lado, em gentil espera.