Onze e vinte cinco da manha by Alma Gort

Nasci em momentos

em que os astros

Estavam loucos,

E a terra na dinâmica

Arfava de cansaço

Era meio dia e minha

mãe gritava seus ais,

Assim vim ao mundo.

Sai de útero como

Espirro agoniado

Espalhando sangue

minado pela dor.

Na vida eu assisti,

As fases da lua,

o sol amarelo do deserto

as minas preciosas

que não tive nas mãos.

Hoje sou um grito

de saudade,

a vaidade de não ter

o que sou.

Um guerreiro lutando

na terra do nunca

Um pedaço da vida

umedecida de lagrimas,

Uma arvore envelhecendo

no sol do sertão.

Sou um dia de partida,

uma chuva de graniso

na véspera de Ano Novo.

A fé de um novo amanhã

A gratidao de estar viva

a dor da separacao

Sou o sofrer de um animal

em extinção.

E um dia que finda...

E a espera da eternidade

me faz um semi-deus cipreste!