Confusão.
O mundo está girando e eu estou parado,
Minha vista escureceu no dia mais ensolarado,
Vejo coisas, suas formas se sobrepõem,
Turvo, embaraçado, confuso e desfocado,
Queria entender, mas não dá...
Por mais força que faça, não consigo me concentrar.
Gotas de lágrimas em tinta no papel,
Vento de tempestade,
Fez voltar toda idade,
Tem uma criança rebelde fora de mim,
Porque ela sente frio, chora solitária dentro de mim.
O tempo não passou,
Mas também não parou,
O mundo que eu conheci
Fala outra língua do mundo que estou.
Enquanto o vento corria entre a fibra dos meus cabelos,
Eles balançavam, se embaraçavam
E o calor daquele fim de tarde aumentava,
Quando a noite chegou, podia ver a cidade se acender
E o meu campo se apagar.
Naquela noite
Podia ouvir gritos, choros, prantos, desespero
E muita confusão, corri para janela e pedi ajuda,
Mas não havia ninguém, como sozinho poderia acudir?
Ouvia muitas vozes e elas a me ouvir,
Não entendia o que diziam,
Todas falavam, gritavam, choravam...
Ao mesmo tempo.
Nessa mesma noite choveu,
Podia ver o reflexo na janela,
Os pingos da chuva rolando em meu semblante,
Enquanto aguardo o dia clarear
Fico aqui, escrevendo gotas de lágrimas em tinta no papel,
Para que o tempo volte a andar.
Jocca Zêmiph.