DE(CISÃO)

Às vezes

é preciso

cortar a mata

cortar a estrada

o pulso, o ventre

pra parir

algo imprudente

Nem sempre

o corte sangra

mas, então

dói, zanga

outro tanto

estanca

e não arranca

de dentro

a decisão

Em alguns casos

é um corte espiritual

invisível

como um corte

de um fio d'água

feito pelo fio da espada

ou um corte superficial

sobre o dorso do rio

que ri em seu leito

da dor do desvario

Por certo

se corta rés

se corta a raiz

se corta ou não

fica por um triz

da faca, do estilete

do canivete, da serra

da perícia do bisturi

da lança que lança

a palavra

e produz a cicatriz

que fecha esse poema!

Janete do Carmo
Enviado por Janete do Carmo em 07/09/2010
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