O Eterno

Consumia-me o tempo

Abandonava-me o alento

Sentia-me tão sedento

Em sonhos, veio-me o oráculo

Olhos turvos, de essência o próprio vácuo

Milênios em sabedoria, morada do fantástico

"Voa, pequena alma, incertos são os ventos

Amargo é o sangue do profeta, infaustam-no tantas eras

Voa, pequena alma, selvagens são teus pensamentos"

Entregava-me ao ocaso

Tomava-me oceano de mágoas todo o espaço

Afogava-me o passado, em repulsa, reprimidos passos

Subterrâneos corredores, do louco o refúgio

Olhos fechados, um ser não convidado em mergulho

Outrora estelar carbono, ora vulcânico telúrio

"Voa, pequena alma, sob jugo do tempo todos cedem

Uma bússola aos que ditam-se o caminho, a verdade e a vida

Voa, pequena alma, abrem-se os portões do lado escuro do Eden"

Admoestava-me o guardião contra os vícios e corrupções

Apontava-me o grão-vizir infindos horizontes e constelações

Ensinava-me o magista: irredutível é o tempo, curtas as paixões

Espaço curvo, vão-se ao limbo ciências e filosofias vãs

Areias da eternidade extirpando orgulho de apodrecidas maçãs

Decomposição de conformidade, novas rochas, mentes sãs!

"Voa, pequena alma, lança teus ecos em asas mundanas

Insuportável solidão impõem-me tantos olhos a me cercar

Voa, pequena alma (à eternidade), liberta em linhas euclidianas"

Isaque
Enviado por Isaque em 18/09/2010
Reeditado em 18/09/2010
Código do texto: T2505781
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