Moléstia

A moléstia que corrói a carne é fatal!
Em que nave virá um novo ser?...
Sorver o sal que sai dos poros do mal
É qual a nau que se afunda ao amanhecer
É como carne podre que arde ao sol
É como a turba que permuta a desgraça no paiol.

Os homens mastigam-se em seu habitat
Destroem-se como animais carnívoros
Vivíparos que se aninham sem lar
Semeiam animismos na pátria dos herbívoros
Pífanos, tubas e violinos
Orquestra no inferno de felinos.

O suíno que vive na lama em orgia
Chia numa gamela com restos de lavagem
Carne que, enlameada, sustenta carne sadia
Desvia a mente podre do chacal selvagem
Quem come desse saboroso pernil
Nada mais é que um irmão porco do porco senil.

E assim, a moléstia que invade o corpo, já morto
Vive no horto mais nobre de um ser peçonhento
Carne que seria pura, suja-se na sombra do aborto
A placenta que o alimentaria, numa noite fria, vai ao relento
E a moléstia que viveria vida afora
Sem dó, corrompe a carne e, sem vida, vai-se embora.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 15/10/2010
Reeditado em 13/10/2011
Código do texto: T2557906
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