Velho como nós
Quando mui jovem ainda a humanidade
Vindos do leste os trovões reboavam
E ao fim da tarde chegou a tempestade
E das estrelas os deuses que voavam
A consciência nascida dançava e sorria
Ao demiurgo pouco havia, quase nada
O mensageiro dos deuses à noite corria
A alma ainda não fora traída condenada
Da bela floresta sopravam os sussurros
E os arqueiros nas sombras esperavam
Apesar do semblante dos troncos casmurros
A cantar belos hinos, dríades esmeravam
Nos Hiperbóreos, extinguiram-se os gigantes
Por dédalos antigos passaram as pegadas
E o mar cobriu onde havia terra dantes
Suas façanhas, foram às lendas relegadas
Da marcha mítica à real batalha
Inexorável é o caminho à maturidade
Mesmo que urdido o destino à malha
Penso quão jovem era aquela humanidade