ESCARPA





Escarpa de pedras lápis-lazúlis
Talude da muralha de um reino
Ou seria um belo canyon?
O declive é íngreme e sublimar
Convida, a descer e arriscar…
Talvez lá no fundo tenha um tesouro
Numa arca velha, que ensine a amar


Sem cordas, sem laços, sem fitas
Agarrando nas pontiagudas pedras
Descendo, descendo e alimentando sonhos
Mãos e pés, arranhados sangrando
Aves sobrevoando tal qual avisam
Mas a luz ofuscante das pedras brilhantes
Hipnotiza o olhar fixo e já escaldante


E no afã de querer o impossível
Desgarra-se com um punhado de pedras
Empreende vôo solo, mas fatal
O tesouro, o raio de sol luminoso
Continuará no seio de penhasco
…até outro aventureiro chegar



"Pinçado de meu livro no prelo "Idas e Vindas"