A morte sabe esperar

seus olhos claros

são o arroz da minha alma

nem quero saber

se fui rei um dia

beijo afogado no espelho branco

prato fundo vazio

boca procurando a boca

porcelana de Pedreira

a necessidade de um

é a necessidade de outro

a necessidade de todos

a necessidade da civilização

no féretro negro das palavras

desabrocha o prazer intelectual

a lua rosa suando no lençol

rolha brilhante no meio do oceano

a necessidade da carne

é a necessidade do osso

a necessidade da pele

é a necessidade do espírito

coisas que não podem ser vendidas

coisas que não podem ser compradas

coisas que não pedem para serem feitas

coisas que não pedem para serem perfeitas

temos de merecer nossas palavras

elas proveem de lugares distantes

mentes brilhantes e desiludidas

corações traídos e apaixonados

seus olhos claros

são o arroz da minha alma

nem quero saber

se fui rei um dia

carlos assis
Enviado por carlos assis em 26/12/2010
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