A morte sabe esperar
seus olhos claros
são o arroz da minha alma
nem quero saber
se fui rei um dia
beijo afogado no espelho branco
prato fundo vazio
boca procurando a boca
porcelana de Pedreira
a necessidade de um
é a necessidade de outro
a necessidade de todos
a necessidade da civilização
no féretro negro das palavras
desabrocha o prazer intelectual
a lua rosa suando no lençol
rolha brilhante no meio do oceano
a necessidade da carne
é a necessidade do osso
a necessidade da pele
é a necessidade do espírito
coisas que não podem ser vendidas
coisas que não podem ser compradas
coisas que não pedem para serem feitas
coisas que não pedem para serem perfeitas
temos de merecer nossas palavras
elas proveem de lugares distantes
mentes brilhantes e desiludidas
corações traídos e apaixonados
seus olhos claros
são o arroz da minha alma
nem quero saber
se fui rei um dia