Vaidade

Vaidade,

O Espelho Cinzento

Corações sem alento

Contemplam-se sem certeza

Se no fundo podem ser vistos,

Medo e disfarce

Abrigo hostil

Onde mora

A beleza rutilante,

Acompanhada

Da certeza relutante

Levam consigo

A ingratidão do mundo vil

Exasperação sem intenção

E quando a sorte

Vem provar-lhes

A intrepidez,

Sem aviso ou clemência

A vaidade assenta-se

Sobre a própria reverência

Ela fala, incita, reclama

Imperatriz e soberana

Agita-se e conclama:

- Bravos Súditos

- Com amor os nutri

- Em meu sangue os redimi

- Somos um só corpo

- É chegada a hora

Mas ela esquece

Que o amor

É um bem pequenino

Que só se protege em

Coração benigno

Nele, não existe lei ou força

Ela se esquece

Que em terra de sentimentos latentes

Sua agudeza é vilão insolente

Não se confessa

Retira-se e amaldiçoa-os

Não lamenta, nem foge

A vaidade sobe as ruas

Sem olhar pra trás

Frágil, em sua composição

Forte em toda aparição

Envolta em toda pompa

Toda certeza que inflama

Sua dor,

Pendor sobre a infâmia,

De ser sobre o não ser

Equívoco de todo Ser,

Fronte ao espelho

Olhos que não se vêem

Mãos outrora na impavidez

Tentam agarrar-se na lucidez

Aquele mirador, que escondia-se

No canto do espelho

Que vinha contar-lhe

Os auspícios

É tão inaudito, desconhecido

A vaidade ainda acoita

Seus desatinos

Afeiçoa destino e escolha

Num mesmo bramido

De feras sonolentas

Que despertam

No fundo do espelho.

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 02/01/2011
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