NA JANELA

Chovia forte, chuva de verão.

Pela janela ela olhava admirada,

As gotas que batiam e escorriam...

Pela vidraça embaçada, sensível visão.

Estrondos e relâmpagos a fizeram estremecer...

Levou a mão tremula e a esfregou lentamente

Olhava perplexa seu reflexo fixamente.

Lá estava ela entre as gotas que escorriam...

Quem era aquela figura estranha que a continha?

Nesse momento não sorria,

Seus olhos estavam molhados

E se deixavam escorrer

Como os pingos da chuva na janela.

Que insistiam em percorrer

Caminhos diferentes, livres e incontroláveis...

Muito distantes dos que ela imaginara...

Era ela a escorrer com a chuva que caia...

Era ela que em cada gota se esvaia...

Se fora feliz? Em muitos momentos...

Triste? Não! Dolorida, sim...

Afinal a vida naquele instante

Parecia-lhe uma chuva de verão:

Intensa e passageira.

Chuva que às vezes nutre a terra

Outras a destrói, devasta...

Mas soberana a vida sempre renasce

E inexoravelmente

A chuva e a vida passam

Foi o que na breve chuva percebeu ela.

Tudo volta ao natural... Ao normal...

Normal...

Habitual...

Insuportável e deliciosamente

Faz-se o cotidiano.

Quem é essa senhora na janela?

Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 10/01/2011
Reeditado em 24/01/2011
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