Meu medo se chama Tempo

Cativo a noite sem espaços

Naufragando em sonhos

Sem água ou pó

Num açoite alógico em meus traços

Onde o tempo molesta

Minh’alma sem dó

Trafico o dia para a madrugada

Ninando os medos

Desta vida sorrateira

Numa agonia vil e acossada

Gestando o silêncio

Para o espinho da roseira

A era infinita prende-me os pés

Como corista não danço

Mas me encanta a flor

Numa erudita ilusão de viés

Lastimando as perdas

Fugindo do tempo a rigor

Dos inéditos fins usurpo meios

Assim calo a lágrima

Que é célere a todo o tempo

Sem créditos abandono meus anseios

Mas não morro na inércia

E pode ser que eu volte com o vento

Nadilce Beatriz
Enviado por Nadilce Beatriz em 17/01/2011
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