Tudo na cabeça

Tudo pensamento

Tanta ilusão

Tanta inflação

Escrevo devagar

Eterno devagar

Faço e desfaço

Sem rosto nem corpo

O vazio toma conta

Bilhete no bolso

A areia sufocando o pescoço

O fundo cada dia mais perto

Eu que sou o mais pessimista dos homens

Flores num quadro

Sombra a sorrir num espelho

Reino dissimulado

Nada é o que quero

Tanto navego

Tanto espero

A voz é um labirinto

Chamando o Minotauro

O poema invade

A primeira folha do jornal

Palavras caem

Roxas sem ar

Versos fuzilados pelo cotidiano

Se o poema estava pronto

Não me avisaram

Não são lágrimas

Um cisco na vista

Esfrego os olhos

Leio e reescrevo

Sobra inspiração

Bobagens do coração

O sono invade

A imaginação cria

E mão assume a paternidade

carlos assis
Enviado por carlos assis em 20/01/2011
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