Entardecer na cidade

O povo passava

(...)passava pra lá sem se olhar

tudo continuava no mais absoluto silêncio

à espera de alguém

que poderia ter asas profundas.

Alguns passavam com passos firmes seguindo sem rumo,

Outros os arrastando

também havia quem corria.

mas,

Sempre uns pra lá,

outros pra cá rapidamente.

Sempre percebendo certa agitação em cada passada.

Olhares firmes

mas,

bem distantes da paralela seguida pela circunferência da vida.

Outros passavam marchando

Como se estivessem indo mesmo pra guerra.

Uns muito bem trajados, despidos

outros sujos e rasgados até a alma.

Crianças chorando sem mães,

caídas pelo chão.

Ali mesmo sabendo doar sem reservas

tentando compartilhar mesmo que fosse um espelho brilhante

alucinado de olhar num espaço que não o seu

cujas imagens havia um mistério.

Já não havia mais chão.

Só a imaginação se propagando no mistério claro do entardecer.

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MARIA DE FÁTIMA BORGES MAGALHÃES
Enviado por MARIA DE FÁTIMA BORGES MAGALHÃES em 30/10/2006
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