A arte do refúgio

Os pincéis, meus dedos longos

Criam figuras invisíveis

Dentro de uma refratária realidade

Água viva em busca de abrigo

Coral inacabado pela natureza

Pedaço de sentimento levado pelas ondas

Onde esconder tamanha sensação

Nem nome posso dar a essa coisa descoberta

Quero retratá-la no azul, no meu azul

Coroá-la de doces horas sorrateiras

E ainda assim, dessa maneira

Converter o instante em eternidade

Multiplicar segundos inexatos de felicidade

Escrever como quem bebe água limpa

Derramar sobre o tempo essa história

É construir um passado com memória

Meu passado é inevitável e belo

Agora sou mais rica de momentos

Mais um para recordar eternamente

Dentre tantos em que fui e não voltei

Fiquei ali, sentada na pracinha para sempre

Estarei ali sempre que eu quiser

Sou dona dos instantes que coleciono

Cofre aberto sem porta, sem janela...

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 24/02/2011
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