O VINHO E A LUZ
O Vinho brindou com a Luz
Com Apolo e suas Horas
O Cristo descendo da cruz
E fechando a Caixa de Pandora
Ambos saudaram a festa
Em tremenda alegoria
O drama da seresta
Na vindoura alegria
A Luz passou pelo Vinho
Separada em muitas cores
E o segundo foi adivinho
Da primeira e seus amores
O sabor da bebida
Fez a Luz estremecer
Brindando às escondidas
Do deus Apolo: Vossa Mercê
O Vinho e seu gosto suave
Embriagou a Luz de paixão
Que, apesar do conclave,
Caiu em santa tentação
O Vinho disse ao seu parceiro
Vamos brindar os luares
Tornando cada fruto do Luzeiro
No vinho dos seus lagares
E o Vinho percebeu
Que a Luz não é tão sutil
Pois atravessando o seu “eu”
Embaraçou-se num barril
E fizeram um estardalhaço
Seduzindo uma bela consorte
O Vinho como um grande palhaço
E a Luz, como bobo da corte
E derramado num copaço
O Vinho se esparramou
Com a Luz em seu encalço
Que, de vinho, se animou
E depois de uma carraspana
Cada um brindou o seu dia
A Luz foi pro Nirvana
E o Vinho, pra Idolatria.