O VINHO E A LUZ

O Vinho brindou com a Luz

Com Apolo e suas Horas

O Cristo descendo da cruz

E fechando a Caixa de Pandora

Ambos saudaram a festa

Em tremenda alegoria

O drama da seresta

Na vindoura alegria

A Luz passou pelo Vinho

Separada em muitas cores

E o segundo foi adivinho

Da primeira e seus amores

O sabor da bebida

Fez a Luz estremecer

Brindando às escondidas

Do deus Apolo: Vossa Mercê

O Vinho e seu gosto suave

Embriagou a Luz de paixão

Que, apesar do conclave,

Caiu em santa tentação

O Vinho disse ao seu parceiro

Vamos brindar os luares

Tornando cada fruto do Luzeiro

No vinho dos seus lagares

E o Vinho percebeu

Que a Luz não é tão sutil

Pois atravessando o seu “eu”

Embaraçou-se num barril

E fizeram um estardalhaço

Seduzindo uma bela consorte

O Vinho como um grande palhaço

E a Luz, como bobo da corte

E derramado num copaço

O Vinho se esparramou

Com a Luz em seu encalço

Que, de vinho, se animou

E depois de uma carraspana

Cada um brindou o seu dia

A Luz foi pro Nirvana

E o Vinho, pra Idolatria.

Pedro Ernesto Prosa e Verso
Enviado por Pedro Ernesto Prosa e Verso em 15/03/2011
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