OS 7 PECADOS CAPITAIS DO POETA

A RAIVA

QUANDO O POETA ESTÁ COM RAIVA

A RAIVA SIMPLESMENTE O ABAFA

E FAZ DE SUA RAIVA

UMA SARAIVA DE PALAVRAS

FULMINANTES,QUE VARA

ATÉ AS ENTRANHAS DAS MONTANHAS

E NO ÂMAGO DO SEU ESTÔMAGO

O FEL DE SUAS PALAVRAS,

QUE SE FAZ NO AMARGO DE SUA BÍLIS

QUE ABRE A FINA DOR DE SEUS RINS

E FAZ REAPARECER SUA ANTIGA DOR

DE BARRIGA, DOR TÃO ANTIGA

QUE SE TORNOU SUA AMIGA

E AS INTRIGAS DE SUAS PALAVRAS

RASGA SUAS TRIPAS QUE EXALA

O CHEIRO FÉTIDO DE SUAS TULIPAS

MAL COMIDAS PELA RAIVA DE SUAS PALAVRAS

QUE ENJOA ATÉ OS MAIS ANTIGOS DEFUNTOS

COM O VÔMITO DE SEUS PRESUNTOS.

QUE POVOA SUA CARCAÇA MORIBUNDA

O GOSTO AMARGO DE SUA NAUSEABUNDA

NÁUSEA QUE AFUNDA AINDA MAIS

AS FERINAS PALAVRAS CORTANTES

QUE SAEM, NÃO DO CORAÇÃO...

MAS DO RANGER DE DENTES DILACERANTES

E SÃO ATIRADAS QUAL UM TIRO DE CANHÃO,

QUANDO O POETA ESTÁ COM RAIVA DE SI

E DO SEU MUNDO NAUSEABUNDO..!

AVAREZA

O POETA QUANDO AVARENTO

É APENAS UM CATA - VENTO

QUE RODOPIA NO TEMPO

QUE O LEVA DE ROLDÃO

E NESTE CEGO CAMINHO

ACUMULA-SE EM SEU CORAÇÃO

PAPÉIS E PERGAMINHOS

QUE SE TORNAM NINHOS

DE RATOS E BARATAS

E PARA A SUA DESGRAÇA

SÃO CORRÓIDOS PELAS TRAÇAS

E SEU ENORME CORAÇÃO,

VIRA UM ENORME BALÃO

QUE SOME NAS ALTURAS

E LEVAS AS TERNURAS

E AS JURAS DE AMOR

QUE DESAPARECEM NUM INSTANTE

ENTRE NUVENS GALOPANTES..!

GULA

A GULA DO POETA

É A GULA DA ÂNSIA

E DA GANANCIA

QUANDO NAS NOITES

DE LUA CHEIA

OS PESADELOS ASSOMBRAM

NAS VEIAS DO POETA

E O SANGUE DE SEUS SONHOS

E A FOME DE SEUS DESEJOS

O FAZ SONHAR ENTRE BEIJOS

E OS ABRAÇOS E AS FLORES

DE SEUS VÁRIOS AMORES

E O SILENCIO DA AMADA

QUE REPOUSA ENTRE SONHOS

E DESEJOS MAIS ESTRANHOS...

QUANDO A GULA INVADE O POETA

E DESCE PELA GOELA ABAIXO

OS DESEJOS MAIS ESTRANHOS

DE SEUS SONHOS MAIS MEDONHOS

O FAZ DELE UM SER BEM BISONHO

QUE A SUA PANÇA NÃO ALCANÇA

A ESTRANHA COMILANÇA

DE SEUS POEMAS INSACIÁVEIS...!

A LUXÚRIA

QUANDO A LUXÚRIA INVADE

O CORAÇÃO DO POETA

É PORQUE SEUS POEMAS

PERECEM À BEIRA DA PRAIA

PICADOS POR UM PEIXE ARRAIA

QUE DESPERTA NELE E NA SÚCIA

DE SEUS POEMAS ENVENADOS

A LUXÚRIA E OS DESEJOS

DE SUA LOUCA VIAGEM

NAS REMOTAS MONTANHAS

DA LIBERTINAGEM

ONDE MORAM OS SONHOS

MAIS DEVASSOS,E OS MAIS DELIRANTES

QUE DE CERTA FORMA

VIVEM NAS ALTURAS

NO MEIO DAS TERNURAS

EMBALADAS PELO VENTO

E O CALOR ARDENTE DO SOL...

ORGULHO

QUANDO O ORGULHO

E O GORGULHO

RONDA O POETA

NEFASTO É O BARULHO

DAS ONDAS DE SEUS POEMAS

QUE INVADE AS PRAIAS

E LEVA TUDO DE ROLDÃO

ATÉ MESMO SEU CORAÇÃO

QUE BORBULHA DE EMOÇÃO

E EXPLODE EM SILENCIO

FEITO UMA BOLHA DE SABÃO....

O ORGULHO DO POETA

É A FAGULHA E A PALHA

ARDENTE QUE INCENDEIA

FEITO UMA GRANDE FORNALHA

E O TORNA NA LUA CHEIA

UM PERFEITO CANALHA...!

QUANDO O ORGULHO BATE NO POETA

E O POETA CEDE AO SEU ORGULHO

SUA POESIA VIRA ENTULHO

SEUS POEMAS EM GORGULHO

QUE LHE CORRÓI ATÉ SUA ALMA

VIRAR LIXO, VIRAR BAGULHO....

PREGUIÇA

QUANDO A PREGUIÇA BATE NO POETA

O POETA APANHA FEIO DA PREGUIÇA

E FAZ DELE A SUA LÍÇA

O SEU CAMPO DE BATALHA

ATÉ QUE NADA RESTE DO POETA

A NÃO SER SUA MORTALHA

TECIDAS POR MÃOS INCERTAS

QUE LHE AMORDAÇA SUA ALMA

E FAZ DELE UMA GRANDE FORNALHA

QUE SE ESPALHA

LENTAMENTE,

ATÉ QUE AS CINZAS DE SUA POESIA

FECUNDE O DESERTO DE SUA VIDA

E O FAÇA RENASCER NOVAMENTE

UMA FÊNIX BEM DOENTE

QUE NÃO VIRA GENTE

E NEM ALIMENTA SEUS ENTES

E DORME DOLENTE

FEITO UM PÁSSARO DOENTE...

INVEJA

QUANDO O POETA TEM INVEJA

É PORQUE ENTREGA NA BANDEJA

SEUS POEMAS QUE NÃO ENXERGA

O SILENCIO DE SEUS OLHOS,

QUE APENAS VÊ A CEGA PAIXÃO

DE SEU MALICIOSO CORAÇÃO

E SEUS POEMAS-DARDOS

ATIRADOS A ESMOS

CAEM NO ABISMO DE SUA ALMA ABISSAL

E FICAM Á DERIVA DO TEMPO E DO VENTO

E O POETA SENTE E PRESSENTE

QUE SEU MOMENTO PRESENTE

TEME QUE SER FEITO DE PRESENTES

PRESENTES DADOS E ACERTADOS

NO CORAÇÃO DA GENTE....

Marco de Nilo
Enviado por Marco de Nilo em 21/03/2011
Reeditado em 12/02/2017
Código do texto: T2861154
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.