DIVA MANHÃ
Aquela bela escultura das manhãs
De luzídia pele rija que prateja
As manhãs vivazes de rubras romãs
De tão bela, de lábios de cereja.
E a senhora da luz da aurora
Que de sua exsudação sedutora
Reflete pilastra, rútilos braços a fora,
Do doce sorriso da manhã encantadora.
Mais prende olhar, mais prende a visão,
A tua presença matinal, diva graciosa!
Que traz ledice aos deuses do panteão
Andando na definição mais gostosa.
Quando chega o sol, ela serpenteia,
Com o seu caminhar nos sulcos estelares,
De lúbrico porte altivo que fogo ateia,
Faz os desvalidos esquecer seus pesares.
E aquela escultura marmórea polida,
Que tem cheiro de um jardim de dafnes,
Tem sorriso, simpatia e muita vida,
Um rosto liso e desprovido d`acnes.
Vejo em meio o alvoroço da rotina
Que a manhã contente passeia entre nós,
Os encantos mil da sua flor divina
Faz desalento ,o dia, quando nos deixa sós.
Vai tecendo músculos, vai tecendo,
Por baixo dessa concupiscente escultura
De alabastrina testura, que tangendo,
Faz alma sonhar vida futura.
E vai o ser mortal deslumbrar os sonhos
Da arte celeste que esculpiu a manhã
Para esquecermos dos mundos medonhos,
E termos uma linda aurora anfitriã.
(YEHORAM)