Sob Pena de Amar

Não posso te esquecer,

Meu coração bate com agitação,

Como devo proceder?

Isso é amor de verdade ou paixão?

A memória é feita de lembranças suas,

Meu passado de um amor arqueológico,

Todo dia a procuro nos rostos das ruas,

Se existe outra forma de amar eu ignoro.

Nem os aromas que a natureza exala,

Com suas flores mais exuberantes,

Podem dar conta do que seu cheiro revela,

Com seu odor a vida se torna inebriante.

Quero dizer palavras que sob sua influência serão poesia,

Suspirar como asma causada por "pathos" da emoção,

Me exponho sim, mas não julgue isso seja covardia,

Pois com heroismo me entrego inteiro com devoção.

Romântico sim, e cada lágrima valerá a pena,

Que nos quatro cantos seu nome seja revelado,

Se és solução para algo, quero lhe servir de problema,

Já me sinto amando, sujeito revigorado.

Faço planos sem saber se irão realizar,

Mas de esperança vive o ato de amar,

Não ocorrendo, percorrer o caminho já valerá,

Esse pra mim é o sentido que há.

Creio porque sinto,

Sinto, logo creio,

De sentir eu vivo,

Vivendo te desejo.

Compartilho a dor dos amantes,

A fissura não pode ser contida,

Pareço até mesmo um delinquente,

Mas quem amou não me julgaria.

Vou repetir seu nome feito oração,

Minha fé é a eternidade ao seu lado,

Vivo sim dessa doce e contagiante ilusão,

Um autêntico e feliz apaixonado.

Minha outra parte que procuro,

Será que nos unirão feito Andrógino?

Se não for assim morro em luto,

Me encontro em teus braços após o velório.

Sofro, mas é um sofrer masoquista,

Vale estar subjugado pelo que me eleva dessa condição mundana,

Transcendental eu lhe diria,

Que importa se tomado fico por essa disposição insana.

Não é possível, essa é minha própria imagem,

Narcisista que sou, não posso me integrar a essa outra parte,

Não me afogarei para ilustrar tal tragédia com dramaticidade,

Que o ego venha à tona, quero sufocar em minha própria vaidade.