O Drink

Um gole,

Pronto.

Me sufoque!

Sinto espanto.

Assim bebo,

Esse drink pequeno,

Degusto a esmo,

Dessa forma sorvendo.

Goladas que empapam a goela,

Descem pela cavidade oral,

Sinto-me deslizando pela atmosfera,

É quase um arranhão gutural.

Êxtase, sem a taça de crânio do Byron romântico,

Sem o sangue preenchendo o conteúdo,

Mas me satisfaço nessa bebida que é meu pranto,

Lágrimas que vou engolindo até o fundo.

Resíduo lacrimal com gosto ácido,

Alcóolico efeverscente que penetra,

Borbulhando nesse corpo frágil,

Tudo em volta não corresponde ao que era.

Que dose infernal é essa,

Dionínisio dança em minha mente,

Embreagado com pressa,

Um alcóolatra de trato insurgente.

Pequena fonte que derrama nessas trevas de garganta,

Penetrando e inundando esse inferno orgânico,

Abastecendo o Caronte sem um barqueiro que contrabalança,

É o trago em forma de orgasmo mais profano.