A PASTORA DAS MONTANHAS
Olhei os teus olhos de um arbusto,
Teu ar airoso, de muita pujança,
Me fez saltar de amor augusto
Feliz e cheio de esperança.
Tu, cabisbaixo, cuidava feliz
De tuas cabras, ó pastora,
De longe alfombras de giz,
De perto a ave canora.
Trançaram no ar os olhares
Por entre as folhas no vento,
Traduzindo o vão sofrimento,
Por tudo e tantos pesares.
Me fitanto, o olhar ela não tira,
Debaixo de sol, doiro siroco,
A seta que me atinge num soco
Ao ouvir, eu, o som de tua lira.
Ao longe grasna o negro corvo
Trazendo o vazio no bico;
Ecoa-se no monte onde eu fico
A proteçao das ovelhas que sorvo.
Apesar de cenas augurais,
Nos montes os anjos adejam
E nas nuvens os raios lampejam
As vozes celestiais.
E vou me arrastando no vento
Pelos montes de Gilaad
Esperando ver-te mais tarde
No por do sol, meu alento.
(YEHORAM)