UM POEMA PARA ETERNIDADE

Eu queria fazer um poema

Que ficasse para eternidade

Que ficasse além da minha morte

Líquido e puro como a água de um riacho

Que cheirasse a brincadeira de infância

E que entrasse como uma fragrância

sob as soleiras das portas

Em que os homens se reconhecessem

Como um front na luta contra as vaidades

Em que as crianças nada entendessem

Mas que cantassem , em coro, uma pequena parte

Eu queria fazer um poema

Que fosse colocado numa astronave

E servisse de elemento de entendimento

Entre os povos de outras galáxias

Que só traduzisse paz e amor

Tão parcos por essas paragens

Um poema tão simples e tenro

Um tesouro para os que amam a arte

E que nenhuma vírgula fosse tocado

E que fosse pleno na sua mensagem

E entendido por todos fosse gravado

no mármore das praças,no cais do mar

Nos muros, nas lápides ,na estação do metrô

E que dinheiro nenhum fosse arrecadado

E que o único prêmio fosse o devaneio

E que o único troféu fosse o tocar no coração

Daqueles que não acreditam na paz e no amor