INFERNO

Quando meu amor lava o cabelo

A negra deixa-me em transe;

É tanto produto no ritual,

Tanta essência escorre

Daquela cascata resistente.

Ao final sou a oferenda

Para a deusa que ela evoca

Desde as raízes capilares da sua história,

Da sua fé nas gerações...

A piastra importa a lembrança do ferro quente

Que marcou, aprisionou e aqueceu a gente;

Desliza-o no pelo, quizombando,

Quando na pele, antes, ardia.

Era um inferno.

Quando minha negra lava o cabelo

É um dia perdido?

-Que ódio?

-Oh dia divino!

-Oh dia eterno!

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 31/07/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T3130904
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