INFERNO
Quando meu amor lava o cabelo
A negra deixa-me em transe;
É tanto produto no ritual,
Tanta essência escorre
Daquela cascata resistente.
Ao final sou a oferenda
Para a deusa que ela evoca
Desde as raízes capilares da sua história,
Da sua fé nas gerações...
A piastra importa a lembrança do ferro quente
Que marcou, aprisionou e aqueceu a gente;
Desliza-o no pelo, quizombando,
Quando na pele, antes, ardia.
Era um inferno.
Quando minha negra lava o cabelo
É um dia perdido?
-Que ódio?
-Oh dia divino!
-Oh dia eterno!