De gravata e fraque
Os joelhos dobrados
Num pontão de aranhas
Génesis de vidas desencontradas
Elementos precisos, enganos estranhos
Amortizo-lhe a quantificação
Imune ao desejo e à castração
Aspiro-lhe a pura tentação
Hipócrita centelha de somítica alienação
As corujas entendem-se aliviadas
Na escuridão aniquilada
Dos desejos desviados
Do cemitério de prazer amputado
Amor e ódio numa linha de fogo
Orgasmo que se solta desvairado
Sentidos e prepotências, mero jogo
De vidas em despejo simulado
O poeta entalado
Em rimas de pura fealdade
Sentido ausente e um fado
Mais perseguição que mera vontade
E os sorrisos de desencanto
Apesar do amor e do pranto
Viver alucinado a um canto
Da humanidade parada num portanto
Esperar apenas cimento
Conhaque e um traque
Lágrimas de crocodilo num lamento
Uma carraspana de gravata e fraque