De gravata e fraque

Os joelhos dobrados

Num pontão de aranhas

Génesis de vidas desencontradas

Elementos precisos, enganos estranhos

Amortizo-lhe a quantificação

Imune ao desejo e à castração

Aspiro-lhe a pura tentação

Hipócrita centelha de somítica alienação

As corujas entendem-se aliviadas

Na escuridão aniquilada

Dos desejos desviados

Do cemitério de prazer amputado

Amor e ódio numa linha de fogo

Orgasmo que se solta desvairado

Sentidos e prepotências, mero jogo

De vidas em despejo simulado

O poeta entalado

Em rimas de pura fealdade

Sentido ausente e um fado

Mais perseguição que mera vontade

E os sorrisos de desencanto

Apesar do amor e do pranto

Viver alucinado a um canto

Da humanidade parada num portanto

Esperar apenas cimento

Conhaque e um traque

Lágrimas de crocodilo num lamento

Uma carraspana de gravata e fraque

Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 07/08/2011
Reeditado em 06/01/2014
Código do texto: T3145410
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