...SOPRO DO TIGRE II...

...No útero do vento lento,

rasga o sopro, vago vagão pagão de tua solidão.

Sopra o tigre andino, seu último tino,

o sustento divino de seu rugido antigo.

Vaga vento no tormento isento,

vaga tigre sorrateiro ao vento,

o medo de teu rude bramido.

Cata cata-vento teu leve vento,

teu sonho reprimido e o eco desse teu zunido,

no casto e idolatrado movimento.

Cuida tua cria, tua placenta, tua ira,

teu desvario animal que tão humano parece ser,

assovia o vento e tuas mandíbulas,

penetram na carne do tempo insano,

no asfalto sintético de tua torpe ilusão.

Vai andino tigre, rasga o colo do vento,

o útero de um único momento,

o velcro da ilusão do tempo,

a cortina de teu casamento,

o véu do himem hibernal,

vai andino, na tua dança animal,

teu sopro antigo já não me traz temporal...

Castro Antares
Enviado por Castro Antares em 17/08/2011
Reeditado em 17/08/2011
Código do texto: T3165905
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