Nas asas da surreal-idade
Nas asas da surreal-idade
Lancei-me fora ao vento
Tendo à esquerda o silencio
E à direita mortas verdades...
N’alma lembranças acesas
No olhar o sonho celeste...
Levo no coração agreste
Rumorejante vozerio
À frente, em brilho noturno
Única silenciosa e bela
Reinando sobre o vazio
Sorri-me a estrela-dalva
Emoldurada pela janela
Ao meu convite e da mata
Que do véu negro ela encanta
Ajoelhada diante dela
A noite fica parada...
E o silencio a cantar se levanta
No coaxar, nos silvos e nos pios,
Soltando-se em risos cálidos;
Tudo petrifica o momento
Escondido na vésper azulada...
E eu sem pensamento
Adormeço em sua luz... ao relento.