Onde dormem os poetas

Onde dormem os poetas
Jorge Linhaça

O poeta dorme nos braços da lua
Dependurado no céu de seus sonhos
Entre as estrelas desliza sua alma
Quando se perde da realidade

Quando desperto, o poeta contrai-se
E, se por fora seu rosto sorri
Tal qual palhaço por dentro pranteia
Sobre o destino do seu semelhante

Se o poeta (d)escreve o que vê
Co'as cores fortes da fidelidade
Logo o acusam de boca maldita
Maldito o poeta que diz a verdade

Logo se torna um ser marginal
Relegado à periferia do lirismo
Um arauto do que incomoda
Um atiçador de feridas

Ah, os poetas, seres multifacetados
Inebriados do mel e do fel
Poetas são santos que tem mil pecados
Um paradoxo entre a terra e o céu

Anjos caídos ou homens alados
Os novos Ícaros buscando o sol
Derretendo as asas no calor da busca
Precipitando-se num mar de incertezas

Sonhos poéticos em terras distantes
Mundos perfeitos de imaginação
Mergulhos profundos na lava escaldante
Sempre navegando entre o sonha e a razão.



Salvador-BA, 7 de setembro de 2011


Contatos com o autor:
anjo.loyro@gmail.com