No espelho da prataria

Estendo meu palco

sobre a praça de talco

essa chuva em dia opaco

sem meus nervos não me ataco

e solto pandorga sem livraria

num céu de lataria o que ela faria

o vento levaria até o lado onde maria é dia

e sua beleza se olharia no espelho da prataria

pirata seria se não fosse a revolução

quando sua garrucha respingou proteção

num refrão enviando não rádio transmissão

e dormiu em cima do verbo na hora da redação

foi quando o seu cenário

aprendeu a falar usando o dicionário

é que os gritos surdos do auditório

balançaram no céu as nuvens loucas do sanatório

e foi mais uma chuva de aspirina

que escondeu o chão e a china

e a lua sem roupa virou dançarina

quase foi uma carnificina anzol carmelina

doido se acorrentou num botijão de gás

sem talento a bandeira e a paz

até hoje procuram saber o que faz

certas moças virarem rapaz