O NÁUFRAGO
No oceano negro de minha loucura
As ondas riem com menoscabo
Da resistência do pequeno barco
Branco de grande alvura
Onde dorme'alma do bardo
Minnh'alma busc'altura
Refúgio noutro estado
Mas no céu da noit'escura
Mesmo luar é tão opaco
Minha tristeza que perdura
Neste barco já tão gasto
Farto de tanta desventura
Súbito alvorecer
Duas cores, outra textura
Triste amanhecer
Surge no'horizonte
Esperança perjura
Ilha ao longe
Nas árvores maduras
Alguém a acenar
Adeus!
No oceano negro de minha loucura
As ondas riem com menoscabo
Riem com estrondo
Meu pequeno barco
Branco de grande alvura
Fez-se em pedaços
Contra rochedos obtusos
No frio e no escuro
Chego ao fundo, enfim
Estou morrendo, não luto
Jesus, tem piedade de mim.