O ÚLTIMO VERÃO

No último verão

Alçou vôo o último pombo-correio

Ganhou o céu sem receio

Consciente de sua missão

Sem despedida, aceno ou choro

Sabia que era só ida, sem retorno

A grande árvore ressentida

Desde então parece sem vida

Está morrendo e com ela, lembranças

A velha árvore, amiga de infância

Agora está abandonado o ninho

Um ninho de sombras

Sem pombas, só bombas

Ninguém entendeu que era um aviso

A partida silenciosa do pombo correio

E no céu a rugir um avião bombardeiro

O vento é o mensageiro agora

Está trazendo a mensagem de volta

Chega nos deixando arrepiados

Sujando nossa roupa a todo instante

Com um fina chuva vermelha

Ou será que é só sangue?

Em breve estaremos encharcados

A mensagem são os gritos ecoando

Em nossos ouvidos fechados

Para os ecos da guerra distante

Agora existem mazelas, violência e desordem

Com medo não falo mais com meus vizinhos

Assim como eu, eles também não dormem

Pesadelos batendo à porta, não nos deixam sozinhos

São pesadelos, fantasmas daqueles que morrem

E ainda não sabem disso, viram zumbis, por não ter aonde ir

E não sabem que a guerra está só no início

Recrutados no exército de Satanás

Lutarão até o fim sem paz

O que será de nós, ovelhas sem pastor?

Logo a sanha das feras de rapina vai nos devorar

Os pesadelos dizem que nosso fim será sem dor

Como é rápida uma guerra nuclear!