A vida me pede mais do que posso dar

A vida me pede mais do que posso dar ,

me canso de ter que explicar.

Como entregar... as falhas que calam

as dores que cortam ...

o peito ... indefeso e sem o eleito,

Sorrindo pro alto...

Esperar tem que ser sempre só tempo?

Imaginar tem que ser só a contento?

Os detalhes são como espíritos gigantes...

Buscando na epiderme desatinados obstantes...

infantes

inoperantes.

Montanhas sempre gritantes...

Invadindo meu espaço...

Numa ocupação que contagia todos os meus atos...

Suspiros inquietantes soerguendo do fundo a vingança

obstinada e vazia , perdida e chorosa

tecendo melífluas teorias

sobre ocaso e raiar do dia.

Que são sempre as mesmas diferentes experiências...

E por que não eu?

Por que há de doer diferente, há de doer igual...

E só dói?

O estranho da cura, é que ela é completamente distante...

Na maioria das vezes...

Só machuca? Só há a culpa por ...

Por ter tentado ser diferente

e anuviou a mente com a constatação do óbvio.

O "há de ser" não existe...

O "sempre é" é o que há...

E dói, mesmo quando divido com um amigo, com uma folha, com um copo...

Dói...

Lancina a carne como dor obliterante que esfrega na cara a rara cena do : eu te disse !

Se só dor sentisse , se só a chaga abrisse ...

Mas a mente confunde , sorrateira me despista.

E conquista um desatinado sorriso ,

meio áspero, meio conciso.

com as horas tão meninas, trasteando aqui por dentro...

o novo é bem-vindo...

meu pensar pena de medo de estar certo...

e está...

o errado é meu amigo, não o ato, ou a prova...

o ocorrido, desembocando aqui ...

destoando do porvir ...

rechaçando a abstinência...

sem querer febrilmente sentir o tato inato

Que se vá o que me afeta...

O que eu peço em corpo, prometo...

É pra minha alma não padecer...

alerta a lua, e num átimo cala o interior , auscultando o fenecer

partir, morrer...

pra quê?

O final está aos passos que podes prever?

Aos passos que queres?

O final nunca tem fim...

Pode ser que estejamos terminando agora...

Existe quem finde a vida, durante anos...

que quereres te apetece?

que malquereres te aborrece?

O que te fez abdicar dos soluços ou dos risos?

O quê?

Posto tudo aos pés das nuvens...

Estou aqui, e ainda que eu chore...

Meu punho é forte, e preso por todo sentido...

o quê ? Já não sei e encerro com desdém o que não entendi...

Assim... Sem saber pra onde ir...

Talvez o ir seja já o caminho...

E caminhar seja só o que posso fazer.

e doer já não angustia tanto...

viver já não provoca pranto...

Já, ao ver as paredes, tanto concretas ou abstratas...

Me sinto todo, me sinto macro...

E me vindo força...

Quem sabe eu fique bem?

quem sabe eu ou outrem?

Sandra Vaz de Faria e Daniel Sena Pires
Enviado por Sandra Vaz de Faria em 11/12/2011
Código do texto: T3384045
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