COG(NATOS)
Juliana Valis


Nascemos no escuro de nós

Pra dizer à luz que existe amor, 

Além da cor escura das vis imagens

E aquém do êxtase das horas descompassadas 




Nascemos pra deixar pegadas

E rastros de mundos que somos

Na profusão de quem fomos

Aguardando a manhã



Sim, bem ou mal, nascemos

Após o parto das ilusões mundanas

Nessas tantas tramas de sentimentos 

Nesses ventos vívidos de caos  e lamas,

Eis que somos simplesmente humanos !

Eis que temos quase as mesmas chamas !



Seremos, então, cog(natos) de sonhos sós ?

Teremos em nós o frio verso da escuridão ?

Se nem pudermos desatar nós 

Que nos amarram, trôpegos, à imperfeição,

Além do inconsciente célere e mais atroz,

Céus, essencialmente, quem  seremos nós ? 



Apenas cog(natos) da efemeridade,

Da luz de toda e qualquer idade, em voz,

Como estátuas cheias da essência humana, 

Como réplicas do sonho em tempestades sós, 

Quem seremos além do amor que clama ?

Apenas cog(natos) de quem fomos nós ? 


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Quadro do pintor Salvador Dali.

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