RÉPLICA DE ALMA E TEMPESTADE
Juliana Valis




Por que dizer que a alma não dança ?

Por que fazer do verso uma palma de desilusão,

Se o motivo que já nos cansa 

É a dor contida entre as horas que vêm e vão,

Ferindo-nos com o amor em lança,

Entre os abismos da mente e do coração ?





Por que dizer que a alma não voa ?

Por que fazer do verso que acalma 

Uma réplica de tempestade,

Se em toda idade há desilusão

Que se ergue como cidade

Entre os labirintos de nossos medos ?




Não, já não se vendem motivos nos supermecados,

E a feira das emoções nem sempre funciona bem

Quando a alma clama por amores, não fabricados, 

Sem o preço vil que o dinheiro tem,

Além dos poderes humanos e dos cartões de crédito...




E, por favor, não me veja com este olhar decrépito

Quando eu disser que a alma voa sempre mais além,

Além das sombras efêmeras da carne,

Além do imenso vácuo entre o mal e o bem,

Além de todo e qualquer alarme,

Por que dizer que a alma já não se entretém ?


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