Espectro

Quem disse que ainda vivo?

Se corre sangue nas minhas veias

É porque insiste em caminhar vazio

Num rompante forçado de ternura

Onde não mais sinto ausência tua

Nem quero lembrar a saliva que te dei

Foi descuido desse coração cigano

Que mesmo em face de todo engano

Tem vida própria e não me obedece

Esqueça tudo o que passou de noite

Não foi nada pra mim acredite

Não passou de um grande açoite

De um vendaval que não contive

Como minhas manhãs são escuras

Nem me faz falta o teu tato

Absurdamente morno e quente

Nem teus beijos roubados não lembro

Dos suspiros trocados sem querer

Esqueça meu cheiro em você

Esquecerei um dia ter vivido

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 30/03/2012
Código do texto: T3585117