Cidadão Cero

Sei de nosso amigo o que anda dizendo todos os jornais,

Esta o senhor perdendo seu tempo comigo, senhor comissário.

Era um individuo destes que se calam pra não fazer ruído,

Perdedor assíduo de tantas batalhas que ganha o esquecimento.

Eu não lhe pergunto nunca aos meus clientes dados pessoais,

Pagam-me e ponto...

Passa tanta gente por estes hotéis!

Nunca deu o menor motivo de alarme, senhor delegado,

Ninguém imaginou que escondia uma arma dentro do armário.

Aquela manhã decidiu que havia chegado o momento.

Abriu a janela resmungando que fazia falta um escarmento.

Carregou a escopeta, pois a jaqueta, pensando nas fotos.

Fez uma salada de sangue, temperada com cristais moídos.

Deixou um gato coxo e um Volkswagen caolho com um tiro no farol;

Não era mal de mira, dezessete mortos em trinta disparos.

Quando o metiam em uma viatura, por fim detido, –dizia:

Agora saberá o país inteiro meus dois sobrenomes.

Cidadão Zero,

Que razão escura te fez sair deste buraco negro?

Sempre sem guarda chuva, sempre a mercê do aguaceiro.

Tudo tinha acabado quando chegaram os bombeiros...

Joaquin
Enviado por Joaquin em 05/04/2012
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