Tão perto...

Se essa incerteza de saber quem sou

Me devorasse assim de uma vez

Se eu soubesse quem me ensinou

Se dentro de algum olhar eu vivesse

Se em algum abraço me perdi inteira

Me enganaria por toda uma vida

Me deixaria pensar que eu existo

Será que em uma noite qualquer

Cheguei a fazer parte de um dueto?

Que parte me encaixo na trama?

Alguém ouviu de meus lábios o poema

Que me desnuda e entrega quem eu sou?

Se essa alma ainda existir nesse mundo

Como eu gostaria de lhe perguntar

Com que cor eu estava naquele dia

Qual o meu cheiro na noite de amor?

Com qual carícias eu me deliciei?

Fechei os olhos quando te beijei?

Minha lembrança não permite

Que eu grite ou lembre do que fui

Nem sei quantos passos eu dei

Se cheguei nem sei como parti

Ou simplesmente foi mais um poema

Desses que rolam das pedras da solidão

Onde criei um mundo paralelo

Onde fingi ser possuída e desejada

Onde tudo se passou na escuridão

De um quarto qualquer longe daqui

Em um lugar distante do porto deserto

Onde eu dancei para alguém sem nome

Onde eu estava sozinha e nem percebi

Num lugar tão perto....

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 12/04/2012
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