Mar sem navio

Fui perdida e me achei

Nem faço conta do que não vi

Nem tão pouco do que apanhei

Sei que vivi aquilo tudo

Que nada foi para ninguém

Tudo que escrevi naquela noite

Só a mim pertenceu também

Não reparti nada contigo

Não aconteceu de fato o beijo

Foi imaginação, tua invenção

Nunca senti nem nada vejo

Teus braços não me apertaram

Contra teu peito nunca deitei

Só páginas em branco ficaram

Apague tudo que te falei

E quando assim bem tarde

Te assombre a lembrança torta

De um dia me ter beijado

Apague a luz, feche esta porta

Só lembre de ter sonhado

Não fui nada, nem para mim foste

Ficamos assim sem ver passado

Na loucura de uma só noite

Presos num misterioso frio

Náufragos em uma ilha

Num mar triste sem navio

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 19/04/2012
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