Leilão sinistro

Eu não me iludo

Só quero curtir o luto

Que vesti por te encontrar

Te encontrei pra perder

Foi assim que aconteceu

Como era pra ser

Agora fico aqui

No mesmo lugar

Sem ter o que fazer

Estarei sempre aqui

Num lugar perto-distante

Do mundo que nos envolve

Já chove aqui dentro

E o sol teima em lembrar

Com certeza vou apagar

O caminho que me levou

O vento traiçoeiro

Vem nas noites de janeiro

Dizer o que eu sou

Quem dá mais por mim agora?

Sou peça de leilão

Antiguidade do passado

Esfinge, pirâmide, pedra

Quem dá mais por mim agora?

Pedaço de gente, metade de sal

No sinistro leilão que me dou

Sou quem perde e quem ganha

Quem resgata o que ficou

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 22/04/2012
Reeditado em 23/04/2012
Código do texto: T3626982