Um brinde ao acaso

Ainda nem terminei de me vestir e já fui entrando

Na porta estava o convite com o meu nome

Um vendaval de pensamentos me chegou de uma vez

Meus cabelos ainda estavam molhados do banho

Minhas mãos com o tremor de iniciante

E minha respiração sentava mais uma vez no peito

Preparei um discurso que não veio

A minha voz nem saiu do lugar e já gritava

Num sonoro silêncio que o sol enxugava

Vi meu vulto se aproximando de mim

Nunca me vi tão assim, próxima e ao alcance

Minha cara limpa sorria e ao mesmo tempo chorava

A emoção de estar ali parada diante de nada era fascinante

Vou querer voltar e me encontrar de novo naquele umbral

Ver meu rosto limpo e sorrindo para uma imagem inexistente

Senti falta de mim chegando e fui correndo me encontrar

De olhos fechados beijei o que veio me devorar

Amei sem fronteiras depositando tudo o que tinha

Agora esse amor viaja estranhamente no meu mar

Em algum porto flutuante onde navego sem ver

Que a música toca, que a hora pensa que vai amanhecer

Aonde te encontro estranho que me fez adormecer

Aonde te acho para que um novo dia ainda eu possa ter

Aonde te procuro para que me veja novamente nua?

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 17/06/2012
Reeditado em 17/06/2012
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