Cazuza
A tarde estava fria e calma
A distância impede nossos sonhos
Sei que gostaria de ser o que não sou
Mas os seus sonhos é a minha realidade
O mundo que deixou de vêr
A realidade não aceita o que é
Simples! Como querer
Pobre Cazuza!
Que brinca nu na tarde fria
Dos sonhos a distância
E o calmo da tarde!
Para esperar a noite
E esconder o rosto
E as lágrimas?
Brilham no escuro
Queria eu!
Ser como uma estrela
Para te ver sorrir
Mesmo depois de não existir
A lembrança
Como um Cazuza
Te fazer sorrir
Mais uma vez
Enganou-se quando disse:
Não quero!
Era preciso estar em casa
Havia margaridas brancas
No jardim da tarde calma e fria
Pobre Cazuza
Holograma dos sonhos
Brinca na varanda
Espero a noite para jantar sozinho
A distância é maior que a mesa
Tão forte! Não resiste
O prato cheio de dor
A noite estava como terminou a tarde
Fria e calma
Então a realidade
Me apertou as mãos
Meu cavalo de pau!
Ficou no jardim.
A luz estava apagada
E como o pobre Cazuza
Tive medo do escuro que inventei
O portão estava aberto
Mas, tão distante
Durante toda a noite
Esperei a luz da minha estrela
A espera acabou com a noite
Meus olhos ficaram secos
E norteado pelo cansaço
Como um mendigo
Implorava amor
Na manhã fria e calma
O pobre Cazuza me acusava
Você! Matou seu filho
Mutilou a realidade
Conseguiu ser o que não é
Está distante
Da realidade que não quer
Apega-se a fragmentos do passado
Não existente na realidade futura
Sonho dos homens afogados
Entre a hipocrisia e a falta de esperança
Suspira o consciente
Envolvido por sentimentos existencialistas
Chora na manhã
Fria e calma.
Sidi Leite