A Herança!

Quando a luz se faz outra

E entra por nossa veneziana

Quando os ramos da árvore

Pendem aos frutos parnasianos

Versos explodem como bolhas

Compomos naquilo que somos

Como os galhos soltam folhas

E o sangue que então tínhamos

Não ardem mais como ardia,

Sabemos a hora em que viemos

Seja manhã, tarde ou noite vadia.

É para onde queremos e vamos!

Que não será aqui a nossa festa.

A solidão deixou de ser o que resta

Um nome apenas, no teatro da vida.

Não importa se chegada ou despedida

Tocamo-la, empurra-nos e agride-nos.

Dói! Mas, uma dor tão, mas tão doída...

Que açoita mais que açoitou os escravos

Na cruel senzala dos nossos tataravôs

E assim parece-nos que há um mundo

Que se contrai inteiro a gritar de dor

No silêncio mortal e sepulcral profundo

Que à nossa volta todos sofrem e são sós.

Temos de ter, necessariamente, uma alma.

E seja então que ela sirva como bálsamo

Se não, onde se alojaria este frio...

Que não está no corpo? E é tão vazio

Rimos e sabemos que não é verdade.

Essas mentiras para falsear a felicidade

Falamos e sabemos que não somos nós quem fala.

Já não acreditamos naquilo que todos dizem.

Notícias dos jornais caem-nos das mãos.

Poderíamos continuar inertes e adormecidos,

Perambulando distraídos, entretidos.

Como os outros: Cegos, surdos e incautos.

Mas, naquele momento, vemos com clareza.

Que tudo terá de ser totalmente diferente.

Do que nos foi apregoado pela falsa realeza

Que teremos de fazer qualquer coisa semelhante

A levantarmo-nos desse imenso charco.

Não nascemos como seres dessemelhantes

Somos guerreiros prontos ao combate

Preparados a empreender uma viagem

Histórica a nos tirar dessa estalagem

A nos levar àquele castelo mais distante

Para você pode ser apenas uma miragem

Mas nossa alma nos diz que temos uma herança!

A receber, da mais fina e refinada nobreza.

Fall & Hilde

Navegando Amor e Fall
Enviado por Navegando Amor em 23/09/2012
Código do texto: T3897709
Classificação de conteúdo: seguro