Requiem
Meu penhasco é feito de cartas.
Por ele caminho segura,
medindo os passos,
equilibrando o corpo,
segurando o ar.
E com o olhar incerto e apaixonado,
não vejo o alto - mas o baixo -
procurando ávida por esfinges
e suspirando, irônica, por vertigens.
Abro, então, os lábios úmidos,
saboreando o frio e a dor que o penhasco traz.
Continuo andando, serena e insana,
destilando morte, saudade e paz.
E aos vinte e dois pés do precipício,
olho para o alto - e que vejo?
Flores derramadas dos céus
Raios rasgando o ar
e uma mulher
- de algodão -
fechando os olhos e se lançando ao mar